JUNIOR, José. Da favela para o mundo: A história do grupo cultural Afro-reggae - Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.
Com base nas leituras iniciais indicadas, sugeridas pela professora Fátima Ornelas, percebe-se que José Junior é um empreendedor social inato. Fundador e coordenador executivo do Afro Reggae, ele resumiu nessa obra os 13 anos de trabalho do grupo e homenageou o homem que marcou muito a sua trajetória, que intrinsecamente é a trajetória do Afro Reggae. O homem a quem ele se refere com carinho como seu mestre, guru e ídolo é Waly Salomão.
Waly foi figura chave do movimento chamado Tropicalismo, de contracultura no Brasil a partir de 1970. Atuou na área cultural de forma diversificada: autor de 9 livros de prosa e poesia; e quatro reedições ampliadas; organizador de publicações diversas no Brasil e participante de coletâneas nos EUA, no México, na Argentina, França, Espanha, Alemanha e em Portugal; colaborador de dezenas de jornais e revistas de longa e de curta duração; resenhista, autor de orelhas e contracapas de livros; como letrista, foi parceiro de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, João Bosco, Moraes Moreira, Lulu Santos, Adriana Calcanhoto, Frejat, Itamar Assunção, entre outros; diretor de produção e artístico de discos de Gal Costa, João Bosco, Jards Macalé e Cássia Eller; - diretor de shows de Bethânia, Gal, Cássia; - participou de vídeos e filmes com Ivan Cardoso, Ana Maria Magalhães, Carlos Nader, Marcello Dantas, Daniel Augusto, Ana Carolina; editor, professor, coordenador do carnaval da Bahia de 1988, presidente da Fundação Cultural Gregório de Matos, e outros; Secretário do Livro e da Leitura, do Ministério da Cultura, 2003.
Waly talvez tenha sido o primeiro visionário a acreditar no Afro Reggae como uma potência social e cultural capaz de produzir transformações significativas que salvassem as jovens vidas nas comunidades pobres, recrutadas e perdidas diariamente pela violência do narcotráfico, fato comum que ainda é uma triste realidade em muitas comunidades brasileiras. Foi com Waly que ele aprendeu como voluntário, a acreditar desde cedo, em 1993, na possibilidade de mudança na realidade dos envolvidos com projetos culturais e profissionalizantes, e que assim resgatava-lhes a auto-estima utilizando a cultura e a arte como instrumento de mobilização. Foi por meio de instinto e experimentação, proposta construtivista, que inicialmente os projetos do Afro Reggae começaram a transformar as vidas dos voluntários, inclusive a vida do próprio José Junior.
O Afro Reggae nasceu como um jornal de notícias, o ARN, e circulava pelas periferias cariocas divulgando informações sobre a cultura afro e eventos relacionados, como as festas reggaes que inicialmente José Junior produzia, e aos poucos, gradativamente, o grupo de amigos começou a levar um trabalho social onde ele era realmente necessário, dentro da favela, na comunidade de Vigário Geral.
[...]
E assim, utilizando a arte como ferramenta de inclusão social, resgatando e transformando vidas numa comunidade violenta comandada pelo narcotráfico, o Afro Reggae foi se firmando como grupo cultural no Rio de Janeiro, e hoje é internacionalmente reconhecido por seus projetos de inclusão. É praticamente uma ONG auto-sustentável num país considerado do 3º mundo.
Atualmente o Grupo Cultural Afro Reggae tem 74 projetos, 10 bandas de música, 2 trupes de circo, grupo de teatro, centro multimídia. Trabalha com policiais, presidiários e jovens empresários, e atua também na Índia, EUA, Colômbia, China, Inglaterra e França.
GRUPO CULTURAL AFRO REGGAE
ÁREA DE ATUAÇÃO: COMUNIDADES POPULARES DO RIO DE JANEIRO, ENTRE ELAS VIGÁRIO GERAL, PARADA DE LUCAS E CANTAGALO, EM PROJETOS PRÓPRIOS, E OUTRAS EM PARCERIA
PROPOSTA: Desviar jovens do caminho do narcotráfico e do subemprego por meio da inclusão e justiça social. Como ferramentas, a arte, a cultura afro-brasileira e a educação
JOVENS ATENDIDOS: 972
APOIO: AVINA, FUNDAÇÃO FORD, FUNDAÇÃO KELLOG, HP, INSTITUTO CREDICARD, INSTITUTO DESIDERATA, SUPERMERCADOS EXTRA, PREFEITURA DO RIO, REDE GLOBO E SESC-RIO
CONTATO: Av. marechal Câmara, 350/703 – Centro – 20020-080 – Rio de Janeiro (RJ) – Tel.: 21/2532-0171 – http://www.afroreggae.org.br/
E o dia que realizarmos essa entrevista finalizamos o artigo.bjs
Fontes:
Revista Época:
José Junior: o desafio da transformação
José Junior chamando a gente PRA BOTAR PRA FAZER!
Programa do Jô
Papo de homem
O livro na internet:
Tropicalismo: http://tropicalia.com.br/ruidos-pulsativos/marginalia/poesia-de-mimeografo
http://www.infoescola.com/geografia/terceiro-mundo/
Conexões urbanas multirio http://www.youtube.com/watch?v=v1recomtHGc
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