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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A GREVE DOS PROFESSORES NO RIO DE JANEIRO

Mônica Vândala

A grande lição que fica dessa linda mobilização dos professores arrastando multidões nas ruas é que depois de uma batalha perdida é preciso curar os ferimentos, se reorganizar e continuar lutando contra esse sistema tão injusto. 
Todas as vezes que uma greve dos professores é interrompida dessa maneira pelega pelo sindicato a sensação de traição é muito estranha e incômoda. É uma tristeza absurda vê-los derrotados mais uma vez pelo sistema e suas orquestrações ordinárias.
Sei que muitos pais, alunos de escolas públicas, e muitos colegas da graduação discordarão de mim. Pensam que ganharão alguma coisa com essa reposição de aulas e com seus diplomas nas mãos no tempo previsto. Mas na realidade é a sociedade que perde quando essa grande massa acredita que o caos educacional que vivemos é culpa do professor ou das greves. O Estado realmente é muito bonzinho conosco, não é?
Reposição de aulas não mudará nada futuros pedagogos iludidos! Muitos de nós depois de formados seremos apenas mão de obra abundante e mais barata para atender os interesses governamentais desse país. Da mesma forma que os estagiários são para a Prefeitura do Rio.
Como bem ouvi de Miguel Arroyo ano passado num Colóquio na UFF - "As questões a serem pensadas em educação são muito sérias", e ouso acrescentar que as intenções políticas e econômicas mundiais por trás dessa nossa educação pública devem ser as piores para a grande público que dela precisa, os pobres brasileiros.

Afinal, a burguesada que educa seus herdeiros em boas escolas particulares para o mando e para a política, precisa de trabalhadores pobres, dóceis, mediocremente educados que se sujeitem à baixos salários para manter tudo como está. Se houver mudança nesse esqueminha fuleiro fica ruim para quem? Para mim é que não é.
Quando você percebe a manipulação dos noticiários alinhavada com os interesses eleitoreiros dá nojo. Mas quando você atenta para essa alienação de futuros professores que ainda se enxergam infantilmente apenas como 'alunos' em formação sendo prejudicados com a greve ou quando suspendem o jantar no ISERJ, dá pena e medo do futuro da nossa educação pública e da merenda escolar das crianças. Sério, sem ironia ou sarcasmo. E isso é muito grave quando você pensa o que é essa ideia de educação pública nesse modelo que um dia acreditei, mas agora entuba sorrindo e sem vaselina professores grevistas, alunos apoiadores e ainda recebe aplausos pelo final da greve.
Coloca na conta do Cabral, do Dudu e desse sindicato pelego. Perfeito, Dilmão!
Privatiza a educação pública também, já que nunca sobra verba pública para reais investimentos nela!
Enfim, o fato é que se a greve dos professores acabou dessa forma tosca e banal, sem nenhuma reivindicação atendida, a luta certamente continuará. É vida que segue com sabor de derrota e desejo de justiça. Mas não essa justiça do Luiz Fux, ok?
E a todos os bravos mestres que participam dessa luta, que me inspiram mudanças, me dão consciência do meu papel político na educação e me tiram dessa condição de 'ser sem luz' buscando apenas uma diplomação, dedico essa música com o meu carinho, respeito e admiração. Sempre.




NOTA DOS PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR DO ISERJ EM GREVE http://sindpefaetec.org.br/?p=2637


Um comentário:

  1. Numa greve todos perdem. O texto a seguir relata bem o trauma disso para os estudantes.
    http://cutucandoaonca.blogspot.com.br/2013/10/professora-posso-ir-ao-banheiro.html

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