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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia da Consciência Humana

Caio Pereira*


Nos últimos dias circulou pelas redes sociais um vídeo em que o ator americano Morgan Freeman se diz contra datas comemorativas relacionadas à consciência negra. O motivo? Assim como não há o dia da consciência branca, não deveria haver o da consciência negra, pois a melhor forma de acabar com o racismo seria não falando sobre ele.
Esse é o tipo de pensamento base daqueles que são contra as cotas raciais, pois segundo eles, essa seria a maior forma de preconceito possível, atribuindo ao negro uma inferioridade às demais etnias.
Contudo, eu discordo. Continuo achando que a maior forma de racismo é escravizar um povo por conta do tom da sua pele e tratá-lo como mercadoria, castigá-lo com chibatadas. E, sinceramente, não acho que esquecer isso seja a solução. Nenhum problema é solucionado sendo ignorado.
A escravidão no Brasil deixou sequelas presentes até hoje na sociedade. Qual é o percentual de estudantes negros nas faculdades? Com certeza é muito baixo. Isso não significa que o negro seja intelectualmente inferior, mas representa o papel que exerce na pirâmide social.
Um jovem negro carece de exemplos de pessoas bem sucedidas que não sejam artistas ou desportistas. Nesse ponto estamos evoluindo. Nos últimos meses um negro ganhou notoriedade sem chutar uma bola, ou batucar um pandeiro. O ministro do Superior Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

O Relator do caso do Mensalão tomará posse da presidência do STF, sendo o primeiro negro a ocupar o cargo. Com uma trajetória de estudos no exterior, o filho de pedreiro, venceu na vida através dos estudos, sem precisar de cota. Porém o caso dele é uma exceção e uma história de superação, não podendo ser tomado como parâmetro.
Vejo as cotas raciais não só como uma forma de ressarcir os descendentes de escravos, que não receberam indenização por todos os crimes a eles cometidos. Por toda mão de obra utilizada, que enriqueceu diversas famílias tradicionais brasileiras, que hoje em dia podem pagar os melhores colégios para seus filhos. Mas como uma tentativa de igualar o processo e torná-lo mais justo.
As cotas não são um insulto, pois o insulto já aconteceu. Por isso tanto as cotas, quanto o dia da consciência negra, são válidos. A ideia não deve ser de revanchismo, mas não devemos esquecer essa parte chata da história, pois ela influencia a estrutura atual.
No fundo, todos somos iguais, indiscutivelmente. Mas infelizmente, no passado, não se tinha esse pensamento. E muitos ainda não têm. Por conta disso, hoje é muito mais que o Dia da Consciência Negra, é o dia da Consciência Humana!
Portanto, hoje é dia de lembrarmos as atrocidades cometidas contra os meus ancestrais, aos ancestrais desse Brasil. Mas sem se esquecer de exaltar aqueles que quebraram todas as barreiras impostas. Salve Marthin Luther King! Salve Malcom X! Salve Mandela! Salve Joaquim Barbosa! Salve Zumbi!


Fonte:http://extra.globo.com/noticias/seis-que-sabem/dia-da-consciencia-humana-6777792.html#ixzz2CmeDDS7N



Caio Pereira* é aluno do ensino médio do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro - ISERJ

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